Você sabe como funciona o processo de importar autopeças no Brasil?
Certamente, não é novidade que o principal modal de transporte brasileiro é o rodoviário.
Só para ilustrar, tratando apenas das rodovias federais – aquelas administradas pela União –, a extensão da malha é de 75.553 mil km (Ministério da Infraestrutura).
Sendo assim, não é de se estranhar que o setor automobilístico seja tão evidente no país, já que utiliza toda essa infraestrutura própria ao transporte rodoviário.
Ademais, o mercado automotivo representa mais de 22% do PIB industrial brasileiro (Intermec).
Desse modo, importar autopeças pode ser vantajoso para essa cadeia, pois os produtos produzidos nacionalmente costumam ser mais caros. Para se ter uma ideia, as peças importadas podem custar 80% menos que as nacionais.
Hoje, veremos não apenas como funciona o segmento de autopeças no Brasil e seus acordos, como também os tipos de peças importadas e algumas dicas.
Como funciona o segmento de autopeças no Brasil?
Primeiramente, precisamos entender o que é o setor automotivo como um todo e o segmento de autopeças.
Quando falamos do setor automotivo, estamos nos referindo à cadeia tanto de produção, manutenção e reparo, quanto de venda de carros, motos e caminhões.
Assim, o segmento de autopeças trata a cadeia de fabricação e transporte dessas peças que são aplicadas na lataria, mecânica e parte elétrica, por exemplo.
No portal ComexVis do ComexStat, aliás, é possível conferir os dados sobre o segmento de autopeças no Brasil. O portal é disponibilizado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Vamos apresentar aqui, a saber, os dados referentes à categoria “Partes e acessórios dos veículos automotivos” durante o ano de 2022.
Entre janeiro e dezembro de 2022, foram importados US$ 7,60 bilhões, valor 5,5% maior em comparação com 2021. Esse valor representou 864 mil toneladas de produtos.
A categoria representou 2,79% de todas as importações brasileiras, ficando em 6º lugar no ranking das maiores importações. Além disso, os principais mercados escolhidos de onde importar autopeças foram:
- China: US$ 984 milhões (12,9%);
- Japão: US$ 898 milhões (11,8%);
- Alemanha: US$ 861 milhões (11,3%);
- Estados Unidos: US$ 668 milhões (8,78%) e
- México: US$ 644 milhões (8,47%).
Em seguida, vamos conferir os dados das exportações. O Brasil vendeu, em 2022, US$ 3,42 bilhões, que correspondeu a 480 mil toneladas.
Esse valor representou 1,03% de todas as exportações brasileiras, sendo a 18ª principal categoria exportada pelo nosso país. Os principais destinos das mercadorias vendidas foram, sobretudo:
- Argentina: US$ 108 milhões (44,8%);
- México: US$ 26,6 milhões (11%%);
- Estados Unidos: US$ 23,9 milhões (9,87%);
- Uzbequistão: US$ 7,32 milhões (3,02%) e
- Angola: US$ 5,78 milhões (2,39%).
Acordos de Comércio no Setor Automotivo entre o Brasil e outros países
Vamos conhecer agora os acordos de comércio sobre o setor automotivo.
No âmbito do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), acordo assinado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, foram assinados diversos acordos bileterais.
Eles são assinados, pois os países ainda não chegaram a um acordo sobre o setor automotivo dentro do bloco.
Primeiramente, com o Paraguai, o Brasil assinou o 1º Protocolo Adicional ao ACE 74 em 2020. Esse documento foi internalizado pelo Brasil pelo Decreto nº 10.493, de 23 de setembro de 2020.
Ele estabeleceu, pelo Brasil, o livre comércio para produtos automotivos paraguaios. Por outro lado, pelo Paraguai, concedeu a diminuição de tarefas aos produtos brasileiros, que foram totalmente extintas no início de 2023.
Posteriormente, entre Brasil e Argentina, existe um acordo em vigor desde outubro de 2019, que estabeleceu a diminuição gradual de tarifas.
A partir de julho de 2029, o comércio de bens automotivos entre os países será incondicional.
Outrossim, o Brasil possui um Acordo de Complementação Econômica (ACE) em vigor com o Uruguai desde 1985.
Entretanto, foi apenas o 76º Protocolo Adicional que tratou do comércio de produtos automotivos. Ele foi internalizado em nosso país pelo Decreto nº 8.655, de 28 de janeiro de 2016.
Ademais, o MERCOSUL, como bloco econômico, possui em vigor desde janeiro de 2003, o ACE 55 com o México, que trata sobre o comércio de produtos automotivos.
Internalizado no Brasil pelo Decreto nº 4.458, de 5 de novembro de 2002, o Apêndice II trata do comércio Brasil-México.
Posso importar qualquer tipo de autopeças?
Nesse segmento, algumas das opções a serem importadas são, por exemplo:
- acessórios variados, como portas, bancos e tapetes;
- faróis, lanternas e outras peças luminárias;
- peças elétricas, como alternadores, velas de ignição e boninas;
- peças mecânicas, como juntas, rolamentos e caixa de câmbio e
- ar-condicionado e filtros de ar.
Entretanto, como existem diversos modelos, tamanhos, características e especificações das peças, existe um padrão comum mundial, o part number.
Assim, as peças são classificadas também segundo o modelo, cor e ano do veículo. Dessa forma, a compra se torna mais fácil e assertiva.
Porém, é sempre recomendável ter em mãos o chassi do automóvel no momento da compra.
Além disso, esse processo de importar autopeças requer cuidado com as categorias estabelecidas de acordo com sua fabricação, que veremos adiante.
White Label
A princípio, temos as peças White Label. Elas recebem esse nome, pois são comercializadas pelas montadoras e, logo, carregam seu nome.
São aquelas que você importa sob a marca Ford, Fiat, Toyota e Volkswagen, por exemplo. Detalhe: elas podem ter sido fabricadas por outras empresas e possuírem o nome da montadora.
OEM
Temos as peças Original Equipment Manufacturer, conhecidas principalmente por OEM.
Essas peças são produzidas por empresas consolidadas e especializadas no segmento, mas não levam consigo o nome de nenhuma montadora tradicional.
O que eu preciso saber para importar autopeças?
Finalmente, após conhecermos os acordos comerciais e os tipos de autopeças importadas, vamos conferir algumas dicas.
O processo de importação por si só costuma ser trabalhoso, mas importar autopeças pode ser mais complexo, devido às particularidades dos produtos.
Por isso, selecionamos algumas dicas que podem auxiliar sua empresa nesse processo.
Selecionar fornecedores confiáveis
Como vimos anteriormente, importar autopeças costuma ser lucrativo e vantajoso para as empresas brasileiras, pois os preços internacionais são mais competitivos.
Se acaso preferir, a empresa pode comprar internamente, mas ela vai acabar comprando de uma empresa que importou e aplicou uma margem de lucro. Isso quer dizer que os custos das compradoras serão maiores.
Contudo, é preciso cautela: não é ideal comprar sem antes fazer uma boa pesquisa de mercado de fornecedores.
Quando falamos de compra internacional, todo cuidado é necessário. É imprescindível confirmar não apenas a veracidade das peças, mas também a reputação da empresa.
Essa pesquisa se faz necessária para evitar pagamentos desnecessários ou, ainda, pagamentos sem envio da mercadoria.
Negociar condições de pagamento
Em segundo lugar, precisamos ter em mente que toda operação de compra e venda, em algum momento, envolve negociação de pagamento.
Se sua família deseja comprar uma casa, por exemplo, vocês certamente irão pesquisar opções em alguns bairros da cidade até escolher as preferidas. Após essa escolha, será o momento de negociar com os vendedores.
Ao importar autopeças ou outros produtos, o processo é semelhante. Logo, após pesquisar os fornecedores, chega o momento de negociar.
É importante mostrar ao vendedor quais são as vantagens que ele terá ao ingressar no mercado brasileiro, com o intuito de conseguir os melhores preços.
Providenciar a documentação para importar autopeças
Por fim, é essencial que a empresa se atente à documentação necessária para realizar a importação.
Os documentos que mostraremos a seguir são requeridos nos processos de importação no geral.
- Certificado de Origem: documento providenciado pelo vendedor, comprovando a origem das mercadorias;
- Packing List ou romaneio de carga: documento de embarque que detalha a mercadoria importada;
- Fatura Proforma ou Proforma Invoice: documento que dá início à negociação, uma nota preliminar de venda;
- Fatura Comercial ou Commercial Invoice: documento similar à nota fiscal, que formaliza a operação de compra e venda;
- Conhecimento de embarque: documento que atesta o recebimento da carga e as informações a respeito do transporte, emitido pela transportadora;
- Declaração de Importação: documento utilizado pela Receita Federal para desembaraço aduaneiro.
Ademais, a depender das especificidades do produto, pode ser requerida uma Licença de Importação. Uma vez que esse documento pode ou não ser exigido, o importador precisa se atentar às normas dos órgãos anuentes brasileiros.
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Importar autopeças pode até ser um processo trabalhoso, mas ter uma empresa parceira o torna muito mais fácil.
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